A cerimônia de posse do novo presidente americano foi e volta a ser vista por todo o mundo na internet, jornais, rádio e televisão. Talvez seja a hora de começar a ver a fundo as palavras de Obama no dia em que fez o juramento como o presidente número 44 dos Estados Unidos.
No discurso, Obama fez três críticas, sem mencionar o nome de George W. Bush, que recebeu vaias de uma parte dos espectadores - “Na, na, na, hey, hey, bye, bye”, cantavam em coros improvisados ante a figura do texano.
1) Censurou a oposição de Bush à pesquisa com células-tronco que levem à cura de doenças para as quais não existe tratamento. “Vamos colocar a ciência no lugar que deve ocupar e usar as maravilhas da tecnologia para aumentar a qualidade do atendimento médico”.
2) Fez uma crítica às posições ideológicas de Bush em matéria econômica: “A pergunta que fazemos hoje não é se nosso governo é grande demais ou pequeno demais, mas se ele funciona”. E, tampouco, disse, se trata de perguntar se o mercado é uma força que busca o bem ou mal, pois seu poder para gerar riqueza é inigualável. “Esta crise nos lembrou de que sem um olhar vigilante o mercado pode sair do controle - e que uma nação não pode prosperar por muito tempo quando favorece apenas os prósperos”.
3) Expressou sua desaprovação à política de George W. Bush de violação dos direitos humanos com o pretexto de que cuidava da segurança nacional. De fato, rechaçou a prática de torturar prisioneiros que estão na base de Guantánamo, em Cuba; questionou inclusive a existência dessa prisão, em que estão prisioneiros sem nenhuma juízo legal, e a prática de espionar os cidadãos do país sem ordem judicial.
Fez as críticas com moderação e certa elegância. Sem dúvida.
Quanto à inspiração, a poesia, os sonhos e a celebração… Guardou-os. Sem misericórdia.
Para a surpresa de muitos, Obama, este homem nascido de pai africano e mãe norte-americana, deixou guardada sua eloqüência, com a ausência da “poesia” de seus discursos mais cativantes e convincentes. Talvez tenha sido obra de sua ex-rival e hoje subordinada Hillary Clinton, quando o recriminou dizendo que “com poesia não se governava”.
Nesta ocasião, não houve nada que lembrou sequer de longe o mais famoso discurso de Martin Luther King, o pastor e ativista dos direitos civis dos negros que foi assassinado há quase 40 anos: “I have a dream”, que em outras ocasiões inspirou Obama.
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