quinta-feira, 9 de junho de 2011

Cesare Battisti: Napolitano apoiará recurso.


ROMA, 9 JUN (ANSA) - O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, condenou a sentença do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro de libertar o italiano Cesare Battisti e disse que apoiará a postura de seu país de recorrer a outras instâncias jurídicas internacionais para reverter a decisão.

O chefe de Estado italiano atestou, em nota divulgada pela sede da Presidência, o Quirinale, que apoia "plenamente todos os passos que a Itália for fazer valendo-se de todas as instâncias jurídicas às quais competem assegurar o pleno respeito das convenções internacionais".

Em sua opinião, "o pronunciamento com o qual o Tribunal Supremo do Brasil confirmou a precedente decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negar a extradição de Cesare Battisti assume um significado gravemente lesivo de respeito devido tanto aos acordos subscritos entre a Itália e o Brasil como às razões da luta contra o terrorismo conduzida na Itália, em defesa da liberdade e das instituições democráticas, na rigorosa observância das regras do Estado de Direito".
Ele deplorou a decisão, que, de acordo com a nota, "contrasta com as relações históricas de consangüinidade e amizade entre os dois países".

Napolitano também renovou "a expressão de sua proximidade e solidariedade aos familiares das vítimas dos horrendos crimes cometidos por Cesare Battisti".

O premier italiano, Silvio Berlusconi, declarou em comunicado oficial, após a decisão do STF, que o país continuará com a ação e a levará a "instâncias judiciais oportunas".

Por sua vez, o chanceler da Itália, Franco Frattini, assinalou que o Estado italiano ativará "imediatamente" os "mecanismos de tutela internacional", em particular o Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, que, segundo ele, "poderá reconhecer com em um caso desse tipo que não há fundamento jurídico que justifique uma decisão similar e que o tratado bilateral de extradição foi violado".

"A partida não acaba aqui. Infelizmente, pela primeira vez o terrorismo venceu e perdeu a comunidade daqueles países que pensam que ninguém deve ajudar um terrorista", acrescentou ainda o ministro das Relações Exteriores italiano, que disse ter recebido a notícia da libertação de Battisti "com profundo pesar".

ANSA

Decisão sobre Battisti não pode comprometer relações comerciais.


ROMA, 9 JUN (ANSA) - O ministro italiano do Desenvolvimento e da Economia, Paolo Romani, condenou hoje em Roma a decisão do Superior Tribunal Federal (STF) sobre a extradição do ex-ativista Cesare Battisti, mas afirmou que as relações econômicas entre os dois países não podem ser comprometidas.

"Sem dúvida uma decisão desconcertante e ofensiva, em primeiro lugar para os parentes das vítimas do terrorista Cesare Battisti", disse o ministro em entrevista à ANSA.

"Como governo o ministro [das Relações Exteriores Franco] Frattini, já anunciou que recorreremos ao [Tribunal Internacional de] Haia e acreditamos que temos todas as razões para que o Battisti desconte sua pena", mas "pé obvio que tudo isso não tem nada a ver com as ótimas relações comerciais e industriais que as nossas empresas têm com as brasileiras e que permanecem imutáveis", afirmou ele.

"É só pensar que com o Brasil, da qual somos o terceiro parceiro europeu e nono mundial, alcançamos, no ano passado, 7,2 bilhões de euros de intercambio graças inclusive a atenção do governo e das nossas empresas", disse Romani.

(ANSA)