Neste domingo, dia 8, quando novamente é “celebrado” o Dia Internacional da Mulher, pouco ou nada será alterado na difícil realidade enfrentada pelas italianas e brasileiras, seja do ponto de vista da discriminação imposta pelo mercado de trabalho, seja pela condição de vítimas da violência impingida pelos homens.
Assim, nada indica que, no Brasil, conforme pesquisas divulgada pelo portal Violência contra a Mulher, mude a dramática realidade onde a cada 15 segundos uma mulher é agredida por um homem. E possivelmente não será a comemoração da data que mudará o contexto italiano, onde um entre quatro homicídios ocorre no ambiente familiar e, em 70% dos casos, as vítimas são mulheres, e em oito de cada 10 caso o autor é homem, conforme pesquisa da Eures-Ansa.
Além de continuarem sendo brutalizadas, as mulheres italianas e brasileiras também são vítima da disparidade salarial, segundo estudo do Fórum Econômico Mundial, realizado no final do ano passado. Como em anos anteriores, Brasil e Itália ainda estão longe de apresentar uma melhora representativa quando se trata de redução das diferenças entre homens e mulheres.
Conforme o informe global sobre diferenças entre gêneros 2008, que apresentou uma análise da situação em 130 países, o Brasil ocupava a 73ª posição no ranking (avançou um posto em relação ao estudo do ano passado), enquanto a Itália ficava na 67ª posição (revelando uma melhora mais significativa, já que no ano passado ocupava o 84º lugar).
Tais colocações dizem respeito ao ranking global. Já se considerando os diferentes índices que compõem o todo, é possível perceber a difícil situação das mulheres italianas e brasileiras em termos de igualdade salarial entre os sexos. Nesse aspecto, o Brasil fica na 100ª posição, enquanto a Itália está pior ainda: 111º lugar. No caso da participação das mulheres na política, porém, a Itália (46º lugar) está bem à frente do Brasil (110º lugar).
Na Europa, a Itália também fica bem atrás do Reino Unido (13º), da França (15º) e da Espanha (17º), enquanto o Brasil, na América Latina, fica atrás da Argentina (24º lugar no ranking total), Cuba (25º), Equador (35º), Peru (48º).
Já o relatório de 2009 da Comissão Européia sobre igualdade entre homens e mulheres – também apresentado na última terça-feira – confirma que, apesar de se terem verificado alguns progressos, persistem desigualdades significativas entre os sexos em diversas áreas. Embora a taxa de emprego das mulheres tenha vindo a aumentar constantemente nos últimos anos (é agora de 58,3% contra 72,5% para os homens), as mulheres continuam trabalhando a tempo parcial mais amiúde do que os homens (31,2% no caso das mulheres e 77% no dos homens) e predominam em setores em que os salários são mais baixos (mais de 40% das mulheres trabalham nos setores da saúde, do ensino e da administração pública – o dobro dos homens).
Não obstante, 59% de todos os novos diplomados universitários são mulheres.
Mulheres na tomada de decisão
Entretanto, um novo relatório pericial elaborado a pedido da Comissão veio confirmar que as mulheres estão também extensamente sub-representadas na tomada de decisão tanto em nível econômico como no plano político no contexto europeu.
Os bancos centrais dos 27 Estados-Membros da UE são dirigidos por homens. A sub-representação das mulheres nos postos de maior responsabilidade é ainda mais evidente nas grandes empresas, uma vez que os homens constituem quase 90% dos corpos dirigentes das empresas líderes (constantes do índice das principais empresas cotadas na Bolsa em cada país), situação que praticamente não registou melhorias nos últimos anos.
A proporção de mulheres deputadas nos parlamentos nacionais (câmaras baixa/única) aumentou cerca de 50% durante a última década, de 16% em 1997 para 24% em 2008. O Parlamento Europeu ultrapassa por pouco este valor (31% de mulheres). Em média, há mais homens ocupando cargos ministeriais nos governos nacionais, à razão de cerca de três para um, correspondendo os homens a 75% e as mulheres a 25%.
Segundo um estudo realizado pela Organização Internacional União Interparlamentar, O Brasil está na 106ª posição em um ranking que aufere a participação das mulheres nos parlamentos de 192 países. No mesmo ranking, a Itália fica na 52ª posição. Já a participação das mulheres em cargos ministeriais no Brasil também é das piores: está na 115ª.
Violência
Quanto às agressões e outras formas de brutalidade, a situação italiana apenas reflete o contexto europeu, onde a violência doméstica continua a ser a principal causa de morte e de incapacidade das mulheres entre os 16 e os 44 anos. Uma em cada cinco mulheres já foi vítima de violência física durante a sua vida adulta e pelo menos uma em cada dez mulheres foi vítima de violência sexual.
No Brasil, cerca de uma em cada cinco brasileiras (19%) declara espontaneamente ter sofrido algum tipo de violência por parte de algum homem. Um terço das mulheres (33%) admite já ter sido vítima, em algum momento de sua vida, de alguma forma de violência física (24% de ameaças com armas ao cerceamento do direito de ir e vir, de 22% de agressões propriamente ditas e 13% de estupro conjugal ou abuso).
As pesquisas também indicam que 27% sofreram violências psíquicas e 11% afirmam já ter sofrido assédio sexual. Um pouco mais da metade das mulheres brasileiras declara nunca ter sofrido qualquer tipo de violência por parte de algum homem (57%).
Oriundi
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