sexta-feira, 20 de março de 2009

Brasileiros são condenados à prisão perpétua nos EUA.


Mary Aparecida Oliveira e o filho Flávio Augusto exibem cartas e documentos enviados por Alaor do Carmo de Oliveiro
Mary Aparecida Oliveira e o filho Flávio Augusto
exibem cartas e documentos enviados por
Alaor do Carmo de Oliveira


Cláudio Dias/Especial para Terra

Direto de Araraquara

Sob acusação de seqüestro e cárcere privado, a Corte de Santa Ana, na Califórnia, Estados Unidos, condenou no último dia 6, o ex-morador de Araraquara Alaor do Carmo de Oliveira Junior, 55 anos, e o também brasileiro Reynaldo Eid Júnior. A alegação é de que os dois seriam coiotes e teriam seqüestrado e mantido em cativeiro uma brasileira com o filho. O caso ocorreu em 24 de novembro de 2005, mas só agora houve a decisão, por meio de júri popular.

Oliveira Junior, hoje com 49 anos, mudou-se para Borborema, na região de Araraquara. Ele saiu pela primeira vez do Brasil em 1998. Ficou poucos meses nos Estados Unidos e, em 2000, voltou com visto para permanecer por seis meses. Casado desde 1981 com a cabeleireira Mary Aparecida de Souza Oliveira, decidiu estender a permanência para juntar dinheiro e pagar a faculdade dos dois filhos - Alaor do Carmo de Oliveira Junior, 28 anos, e Flávio Augusto do Carmo Oliveira, 22 anos.

Mesmo ilegal, ele morou na cidade de Danbury, em Connecticut, e trabalhava como carpinteiro. Viveu construindo casas entre 2000 e novembro de 2005. O plano, segundo a família, era voltar em dezembro daquele ano para ver o neto que acabara de nascer e acompanhar o casamento do filho mais velho - que nunca chegou a acontecer em razão da prisão do pai.

Em 2005, ele resolveu fazer um trabalho extra: transportar passageiros a convite de um outro colega brasileiro. Na terceira viagem, pegou duas mulheres e um garoto. O grupo seria de Goiânia. Ana Paula Morgado Ribeiro e o filho Yago Ribeiro, que na época tinha 5 anos, e mais uma terceira mulher tinham entrado ilegalmente nos Estados Unidos através do México e iriam se encontrar com o marido dela, Jefferson Ribeiro, na Flórida.

No meio do caminho, surgiu a acusação contra os brasileiros. Segundo Mary, Ana Paula armou uma emboscada e chamou a polícia quando eles pararam para dormir em um hotel na cidade de Costa Mesa, na Califórnia. Ela não tinha visto para ficar no País e alegou ter sido seqüestrada - o resgate seria de US$ 14 mil. A polícia foi chamada e prendeu o ex-morador de Araraquara e o chefe da empresa de transporte que estava junto, Reynaldo Eid Júnior.

Para a família de Oliveira Junior, o golpe do seqüestro veio para forçar o governo americano a dar-lhes autorização para permanecer no País. De acordo com a agência de notícias Brazilian Times, a mulher, o filho e o marido que a esperava na Flórida não estiveram presentes ao julgamento, mas, como foram vítimas de um crime de gravidade dentro do território americano, ganharão residência permanente especial, uma espécie de green card. A outra mulher transportada na época retirou a queixa.

Ao serem presos, os dois brasileiros teriam recebido a proposta de confessar o crime. "Como meu pai era inocente ele nunca poderia fazer isso, pois acreditava na Justiça", diz o filho mais novo, Flávio. O mais velho, Alaor Neto, afirma que a informação passada pelo pai em carta é que ele teria sido vítima de uma armação. "Nunca conseguimos contato com ele e ninguém nos dá notícias reais de como meu pai está."

O Cônsul Geral Adjunto do Consulado de Los Angeles, Júlio Victor do Espírito Santo, esteve presente à audiência, realizada na Corte de Santa Ana, Califórnia. Em e-mail encaminhado à família Oliveira, ele afirma que entrou com um recurso para tentar adiar o julgamento. O pedido deve ser avaliado em 60 dias. A família diz ter pedido ajuda no Consulado Brasileiro, mas, até agora, não recebeu nenhum apoio. O Terra não encontrou familiares de Reynaldo Eid Júnior. Os brasileiros que acusaram os compatriotas também moram nos Estados Unidos.

Terra

Nenhum comentário: