segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

BATTISTI: ASSOCIAÇÃO ITALIANA RESPONDE A SUPLICY E A JOSÉ NERY.


A associação de jovens italianos Azione Giovani enviou uma carta aos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e José Nery (PSOL-PA) em resposta ao texto de Cesare Battisti, afirmando que 'sem justiça, não há perdão'.

Na última semana, a pedido de Suplicy, Nery leu no Plenário uma carta de oito páginas, escrita a mão por Battisti. No texto, o italiano pedia que os cidadãos de seu país recorram a seu "lado cristão" e perdoem os atos cometidos por ele durante o período em que aderiu à luta armada.

"O perdão é, seguramente, algo nobre, mas reconhecer suas responsabilidades e pagar suas dívidas com a justiça é um dever moral", diz a Azione Giovani, do partido italiano Aliança Nacional (AN), em uma carta destinada aos senadores Eduardo Suplicy e José Nery, entregue neste sábado à embaixada brasileira a Roma.

No texto, os jovens italianos afirmam terem ficado "surpresos ao ver que os senhores [Suplicy e Nery] deram credibilidade a uma pessoa como Battisti, condenado por quatro crimes e que fugiu de suas responsabilidades sem cumprir nem mesmo um dia de sua sentença".

Condenado à prisão perpétua por quatro homicídios na Itália, o ex-militante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) obteve do governo brasileiro o status de refugiado político, o que desencadeou uma crise diplomática bilateral.

Agora, o caso está sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se o ex-membro do PAC deve retornar a seu país ou permanecer no Brasil.

"Confiantes, esperamos que Battisti seja extraditado, que cumpra na Itália sua pena, que se desculpe com os familiares das vítimas e reconheça seus graves erros. Apenas assim poderá ser iniciado um percurso nacional que leve ao perdão", continua o texto assinado por Cesare Giardina, presidente da entidade.

A associação explica também que decidiu enviar a carta aos senadores brasileiros, por "não considerar Battisti digno de ser um interlocutor" e porque Nery e Suplicy apoiaram "as mentiras escritas" pelo ex-ativista, lendo seu texto no Plenário.

"Não podemos perdoar quem não admite suas próprias responsabilidades, quem ainda não se desculpou com as famílias das vítimas, quem fugiu para não cumprir sua pena na Itália. Estas são, para nós, condições imprescindíveis, sem as quais, Battisti não poderá nunca ser perdoado", enfatiza a nota.

O texto foi assinado por centenas de italianos e dirigentes políticos, como a deputada europeia Roberta Angelilli, os conselheiros regionais Francesco Saponaro e Bruno Prestagiovanni, e os conselheiros provinciais de Roma Federico Iadicicco, Lula Gramazio, Federico Guidi, Marco Di Cosimo e Enrico Cavallari.

A Azione Giovani anuncia também, na nota, que, a partir desta tarde, irá promover um abaixo-assinado em Roma para solicitar a extradição de Battisti.

ANSA

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