Com folga, o Senado italiano aprovou nesta quarta-feira uma das emendas do decreto-lei sobre segurança proposto pelo primeiro-ministro do país, Silvio Berlusconi.
Apelidada justamente de "salva-Berlusconi", a medida congela por um ano processos judiciais sobre crimes cometidos até 2002, livrando o premier de apuros com a Justiça italiana no curto-prazo.
No mínimo escandalosa - segundo diversos analistas, grupos políticos e jornais europeus, a emenda foi aprovada por uma ampla maioria de 160 senadores em sintonia com Berlusconi e seus interesses. Somente 11 parlamentares da casa votaram contra a proposta.
O texto propõe que os tribunais atribuam prioridade aos processos sobre casos mais recentes e considerados mais graves, ou seja, quando a pena prevista é superior a 10 anos. Assim, ficam suspensos por um ano os casos que remontam a até 30 de junho de 2002, condição em que se enquadram vários processos contra Berlusconi (na época também premier da Itália).
Parte da bancada de oposição ao governo abandonou o plenário do Senado antes da votação, em protesto contra o projeto, que tem o claro objetivo de beneficiar amigos de Berlusconi e ele próprio (acusado de corrupção judicial por subornar testemunhas para "calar" depoimentos indesejáveis na Justiça, sobre supostas ações criminosas dentro de sua cadeia de TV). A oposição acusa-o agora de usar a máquina do Executivo em benefício próprio.
No mais duro ataque aos juízes italianos desde que voltou ao poder, o próprio Berlusconi admitiu, em tom contra-acusatório, que a medida atingirá algumas das "muitas acusações falsas que os magistrados e a extrema-esquerda atentaram contra mim, com fins políticos".
A declaração do premier apareceu em uma carta aberta enviada ao presidente do Senado no início da semana.
O mega-empresário Silvio Berlusconi atinge um marco na história da democracia italiana.
Dono de um time milionário de futebol, da principal editora da Itália, de três canais de televisão (um deles mantido no ar mesmo sendo inconstitucional) e considerado um dos homens mais ricos do país - além de possuir um currículo recheado de acusações, processos e polêmicas, Berlusconi conseguiu em abril sua terceira reeleição como premier da Itália, pela centro-direita italiana e ao lado de grupos ultraconservadores de cunho neofascista.
(ANSA)
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