terça-feira, 9 de setembro de 2008

A independência do Brasil, por um italiano.


Terça-Feira - 09/09/2008

A emancipação política brasileira está eternizada em bronze, às margens do córrego do Ipiranga, nas 131 peças que formam o Monumento à Independência, sobre ampla base de pedra e mármore. Implantada nos jardins do Museu Paulista (conhecido como Museu do Ipiranga, por estar localizado no bairro que foi palco do histórico acontecimento), a obra do italiano Ettore Ximenes foi inaugurada em 7 de setembro de 1922, como parte das comemorações do centenário da independência, mas só foi totalmente concluída quatro anos depois.

Monumento do italiano Ettore Ximenes, nos jardins do Museu Paulista, em SP, representa personagens e fatos da emancipação nacional. Foto: Alesp

A história da criação do monumento começa em 1917, durante o período de Altino Arantes como chefe do Executivo paulista (durante a chamada República velha, de 1889 a 1930, o cargo era de presidente de Estado), quando o governo organizou um concurso para a escolha de uma obra que marcasse os cem anos da Independência. A competição foi aberta a artistas brasileiros e estrangeiros, que apresentaram projetos e maquetes. Estas foram expostas no Palácio das Indústrias (que, a partir de 1947, seria a sede do Parlamento estadual paulista).

O concurso gerou polêmica. Representantes do meio cultural da época " entre os quais Mário de Andrade e Monteiro Lobato criticaram a participação de artistas estrangeiros e a composição da comissão julgadora.

O projeto apresentado por Ximenes também não foi unanimidade entre os jurados, que apontaram a ausência de elementos mais representativos do processo de independência nacional (de acordo com o noticiário da época, o projeto era, na verdade, uma encomenda do czar Nicolau II, da Rússia, abortada pela eclosão da revolução de 1917).

Foi então alterado, com a inclusão de episódios e personalidades, como a Revolução Pernambucana de 1817, a Inconfidência Mineira (1789) e as figuras de José Bonifácio de Andrada e Silva, Hipólito da Costa, Diogo Antônio Feijó e Joaquim Gonçalves Ledo.

Com orçamento inicial de 1,3 mil contos de réis, a obra acabou custando o dobro. Para a base do monumento, que tem 12 metros de altura (mais nove metros que avançam em subsolo), foi utilizado granito cinza de Carrara (Itália). Foi montada uma fundição para produzir as peças de bronze, que representam os personagens e fatos históricos ligados à independência do Brasil.

Ao longo do tempo, a obra passou por mudanças. Em 1952 foi acesa a pira do Altar da Pátria. No ano seguinte começou a ser construída, no interior do monumento, a Capela Imperial, com a cripta que receberia, em 1954, os despojos da imperatriz Leopoldina, aos quais se reuniriam, em 1972, os de d. Pedro I e, posteriormente, os restos mortais de d. Amélia, segunda imperatriz do Brasil.

Em 2000 um novo espaço foi criado no interior, permitindo ao público ter acesso às entranhas do monumento. Essa intervenção, concebida pelo Departamento do Patrimônio Histórico da prefeitura paulistana, incluiu ainda novos acessos à Capela Imperial, a construção de uma escada monumental, sanitários, áreas de apoio e serviços. Externamente, foram restaurados os grupos escultóricos. O painel Independência ou Morte recebeu intervenção interna e externa. (Sites consultados: www.museudacidade.sp.gov.br e www.ipiranga.com.br

Ettore Ximenes (1855-1926)

Escultor, pintor e professor, nasceu em Palermo, Itália, onde realizou, entre 1868 e 1871, seus primeiros estudos, na Academia de Belas-Artes. Entre 1872 e 1874 estudou na academia de Nápoles, tendo se tornado discípulo do pintor Domenico Morelli. Foi professor de escultura e diretor do Instituto Estatal de Arte em Urbino (1885 a 1894). Participou da Bienal de Veneza em 1895. Autor de diversos monumentos públicos na Itália e em outros países (entre eles, o Monumento a Giuseppe Garibaldi, em Pesaro, Itália, 1887; e o Monumento a Verrazzano, em Nova York, 1911), veio em 1919 para o Brasil. Além do Monumento à Independência, projetou também para São Paulo o Monumento à Amizade Sírio-Libanesa, no parque D. Pedro II, região central de São Paulo. Retornou para a Itália em 1926 e faleceu em Roma. (Informações extraídas da Enciclopédia Itaú de Artes Visuais www.itaucultural.org.br).

Alesp


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