sexta-feira, 1 de maio de 2009

Veja como foi o fim de semana da morte de Senna.


Acidente de Senna aconteceu na curva Tamburello
Acidente de Senna aconteceu na curva Tamburello

1º de maio de 2009
Anton Want/Allsport/Getty Images

O GP de San Marino de Fórmula 1 de 1994, além de ser a última prova em que um piloto morreu na pista, também é lembrada como uma das mais trágicas da história da categoria, não só pela morte de Ayrton Senna, como também a do austríaco Roland Ratzenberger no treino classificatório. Confira como foi o fim de semana trágico que completa 15 anos nesta sexta-feira:

Sábado fatal de Ratzenberger

Na sessão de treino de classificação para o GP de San Marino de Fórmula 1, em 1994, no circuito de Ímola, Roland Ratzenberger - que estava em sua primeira temporada na F1 - não conseguiu contornar a curva Villeneuve e bateu com o seu carro em uma barreira concreta de forma quase que frontal, provocando, pela força do impacto, uma fratura em seu crânio.

Ratzenberger havia passado uma volta antes sobre a zebra da chicane Acque Minerali e o que se especula é que, naquele momento, sua asa dianteira foi danificada. Infelizmente, em vez de retornar aos boxes como era de se esperar, o austríaco tentou dar outra volta rápida. Ao alcançar os 306 km/h, seu carro sofreu com a falha na asa dianteira e ficou incontrolável.

O treino de classificação foi paralisado e os 40 minutos restantes foram cancelados. Mais tarde, já no hospital, foi anunciado que Ratzenberger havia sucumbido diante dos múltiplos ferimentos e morrido.

Sua morte significou o primeiro acidente fatal na Fórmula 1 em um fim de semana de um GP desde a etapa do Canadá de 1982, quando Riccardo Paletti morreu. Também se passaram oito anos desde que Elio de Angelis morreu testando com uma Brabham no circuito de Paul Ricard.

O médico Sid Watkins, então chefe da equipe médica de pista da Fórmula 1, se recorda até hoje da reação de Ayrton Senna com a triste notícia da morte de Ratzenberger. "Ayrton chorou sobre meu ombro", disse.

Watkins tratou de convencer Senna a não correr no dia seguinte: "o que mais você precisa fazer? Você já foi campeão mundial três vezes, obviamente é o piloto mais rápido. Deixe isso e vamos pescar", disse. Mas Ayrton foi insistente: "Sid, tem certas coisas que não podemos escolher. Não posso me retirar, tenho que correr", afirmou.

Senna havia feito a pole position em Ímola, diante do líder do campeonato Michael Schumacher. Gerhard Berger se classificou em terceiro e Damon Hill, companheiro de equipe de Senna, emplacou a quarta colocação. O tempo registrado por Ratzenberger antes de seu fatal acidente o deixaria no 26º lugar do grid, em último.

A última curva de Ayrton

Veio o domingo e, no início da corrida, J. J. Letto, deixou a pista com sua Benetton e Pedro Lamy, que largou mais atrás, acertou a parte traseira do carro do adversário. No acidente, rodas e pedaços dos veículos saltaram pelos ares.

Partes dos carros voaram por cima do muro de segurança que protegia os espectadores, causando feridas leves em nove pessoas. O acidente também forçou a saída do safety car e todos os demais pilotos tiveram que conservar suas posições atrás dele, enquanto guiavam em baixa velocidade.

Durante esse período, a temperatura os pneus baixou pelo fato dos carros andarem em baixa velocidade. Na habitual reunião dos pilotos antes da prova, Senna, junto a Berger, havia expressado sua preocupação de que o satefy car não fosse suficientemente rápido para manter alta a temperatura dos pneus.

Quando foi informado que a pista estava limpa, sem os pedaços de carros, o safety car retornou aos boxes, a corrida foi retomada e os carros voltaram à velocidade normal.

Duas voltas depois do reinício da prova, Ayrton Senna liderava a prova, logo à frente de Michael Schumacher, quando seu carro saiu da pista na curva Tamburello e, depois de desacelerar de 306 km/h a 211 km/h, acertar uma barreira concreta. Às 14h17 (horário local), uma bandeira vermelha foi exibida para indicar que a prova havia sido interrompida e Watkins chegou ao local do acidente para atender Senna.

Quando se mostra a bandeira vermelha em uma corrida, todos os carros devem baixar a velocidade e retornar aos boxes até receberem um novo aviso. Isso foi feito em 1994, em Ímola, para proteger os comissários e membros da equipe médica que estavam no local de acidente e permitir o acesso mais rápido de veículos de emergência à pista.

Porém, a equipe Larrousse permitiu, eu uma atitude errada, que o piloto Erik Comas deixasse os boxes com o circuito todo cercado por bandeiras vermelhas. Os comissários agitaram freneticamente suas bandeiras para alertar Comas enquanto ele se aproximava do local do acidente em alta velocidade. John Watson, ex-piloto australiano, descreveu o incidente como "a coisa mais ridícula que ele viu na vida". Comas evitou bater nos paramédicos e veículos que estavam no circuito, porém, depois de passar pelo local do acidente com Senna, ficou tão chocado que decidiu abandonar a prova.

As imagens de Senna sendo atendido foram exibidas pelo sinal mundial de TV gerado pela emissora italiana RAI e mostraram muito claramente a gravidade da situação. Senna foi retirado de uma destroçada Williams e encaminhado via helicóptero para o Hospital Maggiore, nas cercanias de Bolonha. As equipes médicas continuaram o atendendo durante o vôo.

A prova foi retomada 37 minutos depois do acidente com Senna, às 14h55 (horário local), e Michael Schumacher foi o vencedor daquele GP, com o italiano Nicola Larini e o finlandês Mika Hakkinen completando o pódio, respectivamente.

Duas horas e vinte minutos depois que Schumacher recebeu a bandeirada, às 18h40 (horário local), a médica Maria Teresa Fiandri anunciou que o brasileiro Ayrton Senna da Silva, 34 anos, havia morrido. No entanto, o horário oficial de sua morte foi dado como às 14h17 (horário local), indicando que Senna tinha morrido no momento do acidente por causa de uma peça do carro que perfurou o capacete e o crânio do piloto, de acordo com a autópsia.

A chegada do corpo de Senna em sua cidade natal, São Paulo, foi emocionante, com mais de três milhões de pessoas acompanhando o cortejo fúnebre, recebido com honras de chefe de Estado. Um anônimo admirador que aguardava a passagem do cortejo mostrou um cartaz que resumiu a tristeza entre os presentes: "Ayrton morreu. Que faremos agora?".

Redação Terra

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