Edílson Saçashima
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Em 1º de maio de 2004, a União Europeia sofria a sua maior ampliação da história. A UE, então com 15 países-membros, passava a contar com 25. A mudança provocou transformações em todos os níveis, desde a mudança do perfil da produção regional até a necessidade de tradutores para adaptar documentos e textos para o idioma dos novos membros. Os últimos cinco anos não foram suficientes para resolver as diferenças. Hoje com 27 países-membros, a UE ainda sofre com os desequilíbrios causados pela grande ampliação de 2004. E a solução não deve vir a curto prazo, segundo especialista entrevistado pelo UOL Notícias.
"Um dos problemas da ampliação de 2004 e que permanece hoje é o afluxo de imigrantes clandestinos, principalmente de jovens, dos novos países-membros para a Europa Ocidental, principalmente para a Áustria, Alemanha, França e Bélgica", diz Franklin Trein, cientista político e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Os dez novos países-membros representaram o aumento de 75 milhões de habitantes à União Europeia e o aumento em um terço o território do bloco.
Os países integrados em 2004 vêm cumprindo uma agenda gradual de ampliação de sua participação na UE. A premissa da UE é a livre circulação de capital, mercadorias, serviços e pessoas. "Na prática, isso significa que, por exemplo, um alemão pode se instalar em Londres. No entanto, esse direito ainda não foi estendido para os cidadãos dos novos países-membros", diz Trein.
Xadrez geopolíticoA grande ampliação da UE em 2004 está inserida no contexto do fim da Guerra Fria com a queda do Muro de Berlim. O fim da União Soviética com todas as alterações que se seguiram foi um fenômeno que os europeus não previam. "A queda do Muro de Berlim significou que a Europa tinha mudado completamente nas relações políticas e sociais. E isso exigia uma resposta imediata e construtiva", analisa Trein.
"Um dos problemas da ampliação de 2004 e que permanece hoje é o afluxo de imigrantes clandestinos, principalmente de jovens, dos novos países-membros para a Europa Ocidental, principalmente para a Áustria, Alemanha, França e Bélgica", diz Franklin Trein, cientista político e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Os dez novos países-membros representaram o aumento de 75 milhões de habitantes à União Europeia e o aumento em um terço o território do bloco.
Os países integrados em 2004 vêm cumprindo uma agenda gradual de ampliação de sua participação na UE. A premissa da UE é a livre circulação de capital, mercadorias, serviços e pessoas. "Na prática, isso significa que, por exemplo, um alemão pode se instalar em Londres. No entanto, esse direito ainda não foi estendido para os cidadãos dos novos países-membros", diz Trein.
Xadrez geopolíticoA grande ampliação da UE em 2004 está inserida no contexto do fim da Guerra Fria com a queda do Muro de Berlim. O fim da União Soviética com todas as alterações que se seguiram foi um fenômeno que os europeus não previam. "A queda do Muro de Berlim significou que a Europa tinha mudado completamente nas relações políticas e sociais. E isso exigia uma resposta imediata e construtiva", analisa Trein.
Brasil não tirou proveito da oportunidade criada com a ampliação |
Na época da ampliação, exportadores brasileiros temiam perder o mercado devido à concorrência dos novos países-membros. Isso não aconteceu. Por outro lado, o Brasil perdeu a oportunidade de ampliar o seu mercado, segundo Franklin Trein. "Do ponto de vista do comércio, a ampliação da UE teve efeitos quase nulos ao Brasil, que exporta carne, soja e café para aqueles países. Não aproveitamos, e continuamos não aproveitando, a oportunidade de conquistar mercados nesses países em que tínhamos relações mínimas", diz. |
A dissolução da antiga Iugoslávia foi outro fenômeno que incentivou a ampliação da UE. O conflito nos Bálcãs marcou o fim do mais longo período de paz na história da Europa, que não era palco de uma guerra desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O susto teve como efeito a rápida aceitação do pedido de integração da Eslovênia, um dos países que surgiu da dissolução da Iugoslávia, na UE em uma tentativa de minimizar a tensão na região. A rapidez com que a Eslovênia foi aceita incentivou outros países a entrarem com o pedido.
Também há especificidades que atendiam a interesses europeus. Malta, por exemplo, fica no meio do mar Mediterrâneo, uma localização estratégica do ponto de vista geopolítico para a UE observar o Oriente Próximo. "O país é quase um porta-aviões no Mediterrâneo", compara Trein.
Por outro lado, o jogo de xadrez político tornou-se mais complexo. A adesão de Chipre, por exemplo, traz à tona a tensão entre cipriotas de origem grega e os de origem turca, o que pode provocar atritos com a Grécia, outro membro da UE.
A ampliação também exigiu um rearranjo da distribuição do orçamento da UE para poder recuperar a economia dos novos países-membros. Com isso, algumas regiões passaram a receber uma fatia menor do orçamento e alguns contribuintes tiveram que arcar com valor maior no bolo.
A UE também ganhou uma proporção maior de população rural. Acrescente-se a isso as diferenças culturais entre países ocidentais capitalistas e os novos membros com um histórico socialista.
Devido a todos esses ingredientes, os cinco anos da UE ampliada parecem pouco para desfazer as diferenças. "O processo de ampliação foi complicado e não se concluiu até hoje. Talvez seja preciso mais dez anos para a UE encontrar o seu equilíbrio", diz Trein.
Também há especificidades que atendiam a interesses europeus. Malta, por exemplo, fica no meio do mar Mediterrâneo, uma localização estratégica do ponto de vista geopolítico para a UE observar o Oriente Próximo. "O país é quase um porta-aviões no Mediterrâneo", compara Trein.
Por outro lado, o jogo de xadrez político tornou-se mais complexo. A adesão de Chipre, por exemplo, traz à tona a tensão entre cipriotas de origem grega e os de origem turca, o que pode provocar atritos com a Grécia, outro membro da UE.
A ampliação também exigiu um rearranjo da distribuição do orçamento da UE para poder recuperar a economia dos novos países-membros. Com isso, algumas regiões passaram a receber uma fatia menor do orçamento e alguns contribuintes tiveram que arcar com valor maior no bolo.
A UE também ganhou uma proporção maior de população rural. Acrescente-se a isso as diferenças culturais entre países ocidentais capitalistas e os novos membros com um histórico socialista.
Devido a todos esses ingredientes, os cinco anos da UE ampliada parecem pouco para desfazer as diferenças. "O processo de ampliação foi complicado e não se concluiu até hoje. Talvez seja preciso mais dez anos para a UE encontrar o seu equilíbrio", diz Trein.
UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário