Olá, Amigos!
Vou contar a vocês hoje o início de tudo, ou seja, como começou a desabrochar em minh'alma o sentimento sublime que moveu-me e move-me em direção à obtenção da minha Cidadania Italiana.
Para dizer a verdade, se for pensar bem, a semente de tudo veio da infância... da relação afetiva existente entre meus familiares e da importância que sempre demos à questão das origens, tradições e cultura...
Até hoje é comum eu ouvir amigos dizendo que não têm a menor idéia de onde vieram seus avós... pior que isso, são aqueles que não sabem sequer a origem nacional de seu sobrenome... Essa ausência de interesse sempre me causou espanto e perplexidade justamente porque, na minha família, sempre vivi em um ambiente em que isso era tido como um valor muito importante e respeitado.
Tenho certeza, hoje, de que a importância dada a este valor em particular, presente desde a minha meninice, é que, depois, em idade adulta, permitiu que em mim florescesse um forte sentimento de respeito pela história da minha família. De igual modo, foi isso que possibilitou o fato que se fortacelesse, de minha parte, o reconhecimento, primeiramente, aos antenatos imigrantes e, em segundo lugar, à minha condição de descendente e à própria Itália como minha pátria-mãe.
De um modo ou de outro, sempre estive em contato com minha pátria-mãe...
Desde pequeno eu ouvia meus avós falarem sobre seus pais (meus bisavós) que tinham vindo da Itália... minha avó paterna contava que a mãe dela (que depois de pequisar descobri o sobrenome - Attilii) tinha vindo de navio para o Brasil bem criança e que a viagem tinha demorado 40 dias...Minha avó materna também contava histórias sobre sua mãe, também romana... Meu avô paterno, igualmente...
Embora fossem recortes não muito detalhados de relatos ouvidos há anos, meus avós conseguiram guardá-los durante o tempo e foram capazes de compartilhar comigo tudo o que lhes permanecera ainda vivo na memória... até hoje ainda carregam consigo, na própria oralidade, marcas indeléveis e inconfundíveis de nossa descendência italiana...
Verbos "inventados" que minha mãe conjugava em ações simples e muito particulares em nossa família, hoje me mostram ainda mais claramente que eu sou muito mais italiano do que imaginava: "tchutcha, filho", dizia mamãe quando nos metia a mamadeira na boca.
"Fica assim "cutchadinho"... se "encapota" bem que vc não passa frio", dizia.
São incontáveis as expressões como essas que, enquanto criança, não me permitiam perceber que as influências de minha origem estiveram muito mais intensamente presentes em minha educação, no meu crescimento, do que jamais poderia supor...
Mais tarde, adolescente, meu pai nos contou que tinha lido algo sobre direito de cidadania italiana aos descendentes... Isso me atiçou o interesse e inflamou meu patriotismo, levando-o de um estágio anterior quase que platônico, para um patriotismo vívido, hercúleo e que, por alguma razão, sentia a necessidade de extravasar de alguma forma.
Comecei a trabalhar, fiz minhas economias, e decidi pesquisar por conta própria... passei a procurar o local de nascimento do meu bisavô paterno.
Faço aqui uma pequena explicação sobre minha genalogia:
Sou descedente de italianos por pai e mãe. Por parte de mãe, 100%. Meus avós maternos: Eliza Nava e Braulino Piassi.
Por parte de Pai, 100% pelo lado de minha avó (filha de Ottavio Barlafante e Maria Giuseppa Attilii) e 50% pelo lado de meu avô (filho de Enrica Cecchitelli e José Raimundo de Carvalho).
Justamente por conta do José Raimundo é que tenho o sobrenome Carvalho risos... Ainda farei questão de incluir ou o sobrenome Barlafante (do bisnonno) ou Piassi, da mama, em meu nome.
Eu resolvi pesquisar as origens de Ottavio Barlafante por ser meu ascendente homem mais próximo e porque meu pai já havia iniciado as buscas por suas orígens e encontrou algumas dificuldades para identificar o local de nascimento dele.
Comecei a busca solicitando que minha avó e minha tia enviassem para mim tudo o que elas guardavam de documentos do bisnonno Ottavio. Recebi uma certidão de desembarque e um salvo-conduto de estrangeiro em estados de evidente envelhecimento, porém legíveis e intactos (minha família sempre teve o hábito de guardar muito bem nossos documentos, inclusive os antigos) .
Olhei cada detalhe desses documentos diversas vezes. Estava tudo anotado à mão pelo oficial responsável e não estava muito legível. Felizmente, consegui ler o nome daquilo que me faria depois descobrir o nome do comune de nascimento do bisnonno. "Natural de Júlia Nóva".
Ora: Roma, Milão, Veneza todo muito já ouviu falar...mas para quem nunca havia sequer olhado direito para um mapa da Itália, Julia Nóva parecia um enigma. Enviei todos os dados para um advogado chamado Luigi Paiano, de Bologna, muito conhecido, (presta assessoria para cidadania na Itália) mas ele me disse: "esse lugar não existe". Me lembro de ter pedido a ele que fizesse a busca também pela certidão de nascimento da minha bisavó (esposa do Ottavio) porque uns mercenários me diziam que também seria preciso... O Sr. Luigi buscou em Perugia, porque minha vó dizia que ela era de Perugia... As buscas por lá, obviamente, também não surtiram quaisquer efeitos, eis a prova:
Um desesperinho... refleti novamente acerca da origem do Bisnonno (depois de ter descoberto a verdade sobre a não-necessidade da certidão da bisnonna): "Caraca! o cara é expert em pesquisa genealógica e não faz nem idéia do nome Júlia Nóva... e agora?! O que faço?!".
Decidi voltar os olhos novamente sobre os documentos que tinha.
À essa altura, eu já estava começando a estudar l'Italiano e recordei que José é Giuseppe, Juliana é Giuliana, logo, "Júlia Nóva" = Giulia Nova.
Corri no Google e BINGO!
Comune di Giulianova! (bellissima spiaggia al mare adriatico).
Passei a supor que meu bisa era dali.
Paralelamente, pesquisava o sobrenome que então acreditava ser o correto. Em seus documentos lia-se: "Octávio Bellafandi". Todavia, na minha linha de pesquisa esse sobrenome não estabelecia qualquer relação com Abruzzo ou Giulianova, não obstante também ter novamente indagado o Sr. Luigi sem lograr êxito.
Foi então que, pesquisando sites sobre Giulianova, encontrei, em um deles, um link chamado "Curiosidades", e nesse link, a seção "Cognomi Giuliesi" (Sobrenomes "Giulianovenses").
O primeiro sobrenome da lista era Barlafante.
Pensei: "Pôxa, sonoramente e até graficamente lembra muito Bellafandi... Se meu bisa realmente for de Giulianova, o sobrenome Bellafandi não existe por lá....logo, suponho que esteja incorreto...e se for Ottavio Barlafante?".
A partir desta reflexão iluminada, solicitei novamente ao Sr. Luigi que procedesse com a pesquisa em Giulianova, agora procurando por Ottavio Barlafante.
Pela graça de Deus, em duas semanas recebo um e-mail dele com a certidãozinha escaneada anexa!!! Quasi morri do coração!!!
Aquele documento que tantos procuram, por que tantos anseiam, pelo qual tantos choram e buscam desesperadamente, eu havia encontrado, por uma "sacada" iluminada que tive, em apenas 2 semaninhas!!! Era difícil de acreditar!! Meu pai ficou doido! Minha vó, quase aos 80 anos, descobriu que seu pai era nato no litoral!!! E que lugar lindo!
Poucas vezes em minha vida senti tanta felicidade! Só não foi maior porque, paralelamente ao serviço do Sr. Luigi, contratei um outro serviço de busca com um genealogista de SP que me extorquiu até que pôde. Um caso que, em direito, é classificado como "onerosidade excessiva"...
Depois vim descobrir que a certidão de nascimento é gratuita na Itália. O que pagamos é o serviço e as despesas do pesquisador. O Sr. Luigi me cobrou um preço justo e me enviou antes mesmo de receber.
Eis um outro objetivo do blog: alertar quanto à "máfia dos genealogistas, advogados e assessores". Muito cuidado!!! O conselho que dou é: pesquise muito. Quando você achar que já leu e pesquisou o suficiente, pesquise mais um pouco... Vale a pena!
Bem, depois de encontrado o documento mais precioso, tudo ficou mais fácil.
Fui telefonando para os cartórios do interior de SP e solicitando as certidões de óbito, casamento, nascimento etc...
Como o sobrenome e as datas estavam completamente diferentes (o nome tb... o correto é: "Ottavio", estava "Octávio") resolvi fazer a retificação judicial. Em 3 meses nosso processo saiu e em uma semana foi tudo corrigido!
CONTINUA >>> ...
Vou contar a vocês hoje o início de tudo, ou seja, como começou a desabrochar em minh'alma o sentimento sublime que moveu-me e move-me em direção à obtenção da minha Cidadania Italiana.
Para dizer a verdade, se for pensar bem, a semente de tudo veio da infância... da relação afetiva existente entre meus familiares e da importância que sempre demos à questão das origens, tradições e cultura...
Até hoje é comum eu ouvir amigos dizendo que não têm a menor idéia de onde vieram seus avós... pior que isso, são aqueles que não sabem sequer a origem nacional de seu sobrenome... Essa ausência de interesse sempre me causou espanto e perplexidade justamente porque, na minha família, sempre vivi em um ambiente em que isso era tido como um valor muito importante e respeitado.
Tenho certeza, hoje, de que a importância dada a este valor em particular, presente desde a minha meninice, é que, depois, em idade adulta, permitiu que em mim florescesse um forte sentimento de respeito pela história da minha família. De igual modo, foi isso que possibilitou o fato que se fortacelesse, de minha parte, o reconhecimento, primeiramente, aos antenatos imigrantes e, em segundo lugar, à minha condição de descendente e à própria Itália como minha pátria-mãe.
De um modo ou de outro, sempre estive em contato com minha pátria-mãe...
Desde pequeno eu ouvia meus avós falarem sobre seus pais (meus bisavós) que tinham vindo da Itália... minha avó paterna contava que a mãe dela (que depois de pequisar descobri o sobrenome - Attilii) tinha vindo de navio para o Brasil bem criança e que a viagem tinha demorado 40 dias...Minha avó materna também contava histórias sobre sua mãe, também romana... Meu avô paterno, igualmente...
Embora fossem recortes não muito detalhados de relatos ouvidos há anos, meus avós conseguiram guardá-los durante o tempo e foram capazes de compartilhar comigo tudo o que lhes permanecera ainda vivo na memória... até hoje ainda carregam consigo, na própria oralidade, marcas indeléveis e inconfundíveis de nossa descendência italiana...
Verbos "inventados" que minha mãe conjugava em ações simples e muito particulares em nossa família, hoje me mostram ainda mais claramente que eu sou muito mais italiano do que imaginava: "tchutcha, filho", dizia mamãe quando nos metia a mamadeira na boca.
"Fica assim "cutchadinho"... se "encapota" bem que vc não passa frio", dizia.
São incontáveis as expressões como essas que, enquanto criança, não me permitiam perceber que as influências de minha origem estiveram muito mais intensamente presentes em minha educação, no meu crescimento, do que jamais poderia supor...
Mais tarde, adolescente, meu pai nos contou que tinha lido algo sobre direito de cidadania italiana aos descendentes... Isso me atiçou o interesse e inflamou meu patriotismo, levando-o de um estágio anterior quase que platônico, para um patriotismo vívido, hercúleo e que, por alguma razão, sentia a necessidade de extravasar de alguma forma.
Comecei a trabalhar, fiz minhas economias, e decidi pesquisar por conta própria... passei a procurar o local de nascimento do meu bisavô paterno.
Faço aqui uma pequena explicação sobre minha genalogia:
Sou descedente de italianos por pai e mãe. Por parte de mãe, 100%. Meus avós maternos: Eliza Nava e Braulino Piassi.
Por parte de Pai, 100% pelo lado de minha avó (filha de Ottavio Barlafante e Maria Giuseppa Attilii) e 50% pelo lado de meu avô (filho de Enrica Cecchitelli e José Raimundo de Carvalho).
Justamente por conta do José Raimundo é que tenho o sobrenome Carvalho risos... Ainda farei questão de incluir ou o sobrenome Barlafante (do bisnonno) ou Piassi, da mama, em meu nome.
Eu resolvi pesquisar as origens de Ottavio Barlafante por ser meu ascendente homem mais próximo e porque meu pai já havia iniciado as buscas por suas orígens e encontrou algumas dificuldades para identificar o local de nascimento dele.
Comecei a busca solicitando que minha avó e minha tia enviassem para mim tudo o que elas guardavam de documentos do bisnonno Ottavio. Recebi uma certidão de desembarque e um salvo-conduto de estrangeiro em estados de evidente envelhecimento, porém legíveis e intactos (minha família sempre teve o hábito de guardar muito bem nossos documentos, inclusive os antigos) .
Olhei cada detalhe desses documentos diversas vezes. Estava tudo anotado à mão pelo oficial responsável e não estava muito legível. Felizmente, consegui ler o nome daquilo que me faria depois descobrir o nome do comune de nascimento do bisnonno. "Natural de Júlia Nóva".
Ora: Roma, Milão, Veneza todo muito já ouviu falar...mas para quem nunca havia sequer olhado direito para um mapa da Itália, Julia Nóva parecia um enigma. Enviei todos os dados para um advogado chamado Luigi Paiano, de Bologna, muito conhecido, (presta assessoria para cidadania na Itália) mas ele me disse: "esse lugar não existe". Me lembro de ter pedido a ele que fizesse a busca também pela certidão de nascimento da minha bisavó (esposa do Ottavio) porque uns mercenários me diziam que também seria preciso... O Sr. Luigi buscou em Perugia, porque minha vó dizia que ela era de Perugia... As buscas por lá, obviamente, também não surtiram quaisquer efeitos, eis a prova:
(Carta do Cartório de Perugia: mais uma "decepçãozinha").
Um desesperinho... refleti novamente acerca da origem do Bisnonno (depois de ter descoberto a verdade sobre a não-necessidade da certidão da bisnonna): "Caraca! o cara é expert em pesquisa genealógica e não faz nem idéia do nome Júlia Nóva... e agora?! O que faço?!".
Decidi voltar os olhos novamente sobre os documentos que tinha.
À essa altura, eu já estava começando a estudar l'Italiano e recordei que José é Giuseppe, Juliana é Giuliana, logo, "Júlia Nóva" = Giulia Nova.
Corri no Google e BINGO!
Comune di Giulianova! (bellissima spiaggia al mare adriatico).
Passei a supor que meu bisa era dali.
Paralelamente, pesquisava o sobrenome que então acreditava ser o correto. Em seus documentos lia-se: "Octávio Bellafandi". Todavia, na minha linha de pesquisa esse sobrenome não estabelecia qualquer relação com Abruzzo ou Giulianova, não obstante também ter novamente indagado o Sr. Luigi sem lograr êxito.
Foi então que, pesquisando sites sobre Giulianova, encontrei, em um deles, um link chamado "Curiosidades", e nesse link, a seção "Cognomi Giuliesi" (Sobrenomes "Giulianovenses").
O primeiro sobrenome da lista era Barlafante.
Pensei: "Pôxa, sonoramente e até graficamente lembra muito Bellafandi... Se meu bisa realmente for de Giulianova, o sobrenome Bellafandi não existe por lá....logo, suponho que esteja incorreto...e se for Ottavio Barlafante?".
A partir desta reflexão iluminada, solicitei novamente ao Sr. Luigi que procedesse com a pesquisa em Giulianova, agora procurando por Ottavio Barlafante.
Pela graça de Deus, em duas semanas recebo um e-mail dele com a certidãozinha escaneada anexa!!! Quasi morri do coração!!!
Aquele documento que tantos procuram, por que tantos anseiam, pelo qual tantos choram e buscam desesperadamente, eu havia encontrado, por uma "sacada" iluminada que tive, em apenas 2 semaninhas!!! Era difícil de acreditar!! Meu pai ficou doido! Minha vó, quase aos 80 anos, descobriu que seu pai era nato no litoral!!! E que lugar lindo!
Poucas vezes em minha vida senti tanta felicidade! Só não foi maior porque, paralelamente ao serviço do Sr. Luigi, contratei um outro serviço de busca com um genealogista de SP que me extorquiu até que pôde. Um caso que, em direito, é classificado como "onerosidade excessiva"...
Depois vim descobrir que a certidão de nascimento é gratuita na Itália. O que pagamos é o serviço e as despesas do pesquisador. O Sr. Luigi me cobrou um preço justo e me enviou antes mesmo de receber.
Eis um outro objetivo do blog: alertar quanto à "máfia dos genealogistas, advogados e assessores". Muito cuidado!!! O conselho que dou é: pesquise muito. Quando você achar que já leu e pesquisou o suficiente, pesquise mais um pouco... Vale a pena!
Bem, depois de encontrado o documento mais precioso, tudo ficou mais fácil.
Fui telefonando para os cartórios do interior de SP e solicitando as certidões de óbito, casamento, nascimento etc...
Como o sobrenome e as datas estavam completamente diferentes (o nome tb... o correto é: "Ottavio", estava "Octávio") resolvi fazer a retificação judicial. Em 3 meses nosso processo saiu e em uma semana foi tudo corrigido!
Certidão Negativa de Naturalização - http://www.mj.gov.br/Estrangeiros/nat_certidaoneg.htm
A Certidão Negativa de Naturalização (felizmente gratuita) eu mesmo solicitei (logo duas) e além das variações presentes em todos os documentos, incluí mais 3 para garantir. Chegou em 2 meses e meio mais ou menos...
A Certidão Negativa de Naturalização (felizmente gratuita) eu mesmo solicitei (logo duas) e além das variações presentes em todos os documentos, incluí mais 3 para garantir. Chegou em 2 meses e meio mais ou menos...
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