Quinta-Feira - 24/01/2008
Por Rommano Conzatti Giordani*
Li o artigo de Fábio Porta, publicado no Oriundi em 12 de janeiro pp. Também tomei conhecimento das manifestações do jornal estadunidense e do jornal inglês sobre a classificação em relação à alegria de viver dos italianos, causando mal-estar generalizado. Se houve esse mal-estar é porque o problema existe. Mas o problema não está aí. O problema é que os italianos não sabem ou não querem resolvê-lo. E isso os intriga.
Os italianos e seus governantes são orgulhosos dos seus emigrados e descendentes, disso nós somos sabedores, mas parece que só sentem orgulho deles quando saem e porque saem; ou porque saíram na velha grande emigração do último quarto do século 19, quando a Itália recém unificada não sabia o que fazer com os seus cidadãos, em sua maioria pobres e famintos e, se não estimulava, fazia-se de cega e surda constrangendo seus irmãos a saírem em definitivo de suas cidades e vales, deixando para trás pais, irmãos, amigos, amores mas levando consigo os rancores por ter que partir; mas deixando mais terras aos que ficaram para o cultivo de alimentos e menos bocas para alimentar e menos doentes para medicar.
Não contentes, estimulavam os emigrantes para que gastassem ainda na Itália as suas últimas economias antes do embarque, das mais diversas formas e meios, um deles o atraso das saídas dos navios. Não bastasse isso, a Itália estimulava a criação das associações de Mútuo Socorro através das quais os emigrados enviavam dinheiro a seus familiares que lá ficaram. Ou seja: a Itália ganhava triplamente.
Também tenho firme convicção que os recursos humanos que representamos são o futuro da Itália. Mas quando alguém decide tomar o caminho inverso encontra toda série de obstáculos e o tratamento como “extra-comunitários” num claro tratamento de pessoas terceiro-mundistas.
Aqui os italianos não sentem mais orgulho dos seus emigrados e é aqui que os italianos se esquecem que somos sangue do sangue deles. Esta situação deve ser mudada.
Neste momento é que entra o investimento, estimulando e recebendo de volta os milhares de jovens descendentes dos antigos emigrados, tão trabalhadores, inteligentes e corajosos quanto seus avós, iniciando por uma facilitação na concessão da cidadania italiana por sangue à que têm direito por lei, investindo neste patrimônio, mas tendo o cuidado de fazê-lo corretamente.
Como? Incentivando somente aqueles que realmente são italianos de língua, mesmo que dialetal, de nomes de família, de orgulho em ser italiano, em detrimento daqueles aproveitadores de uma lei boa, que em necessitando para os mais diversos fins, garimpam na sua árvore genealógica para ver se encontram uma remota avó de origem italiana, mas que em verdade nada mais têm de italiano que não seja a querida avó.
Quando os italianos e seus governantes fizerem isso, certamente olharão para o futuro com otimismo e alegria e estarão ganhando pela quarta vez. Mas desta vez, não teremos mais rancor e o faremos somente com amor.
*Diretor de Cidadania do Circolo Trentino di Porto Alegre
giordani@vallagarina.com.br
Por Rommano Conzatti Giordani*
Li o artigo de Fábio Porta, publicado no Oriundi em 12 de janeiro pp. Também tomei conhecimento das manifestações do jornal estadunidense e do jornal inglês sobre a classificação em relação à alegria de viver dos italianos, causando mal-estar generalizado. Se houve esse mal-estar é porque o problema existe. Mas o problema não está aí. O problema é que os italianos não sabem ou não querem resolvê-lo. E isso os intriga.
Os italianos e seus governantes são orgulhosos dos seus emigrados e descendentes, disso nós somos sabedores, mas parece que só sentem orgulho deles quando saem e porque saem; ou porque saíram na velha grande emigração do último quarto do século 19, quando a Itália recém unificada não sabia o que fazer com os seus cidadãos, em sua maioria pobres e famintos e, se não estimulava, fazia-se de cega e surda constrangendo seus irmãos a saírem em definitivo de suas cidades e vales, deixando para trás pais, irmãos, amigos, amores mas levando consigo os rancores por ter que partir; mas deixando mais terras aos que ficaram para o cultivo de alimentos e menos bocas para alimentar e menos doentes para medicar.
Não contentes, estimulavam os emigrantes para que gastassem ainda na Itália as suas últimas economias antes do embarque, das mais diversas formas e meios, um deles o atraso das saídas dos navios. Não bastasse isso, a Itália estimulava a criação das associações de Mútuo Socorro através das quais os emigrados enviavam dinheiro a seus familiares que lá ficaram. Ou seja: a Itália ganhava triplamente.
Também tenho firme convicção que os recursos humanos que representamos são o futuro da Itália. Mas quando alguém decide tomar o caminho inverso encontra toda série de obstáculos e o tratamento como “extra-comunitários” num claro tratamento de pessoas terceiro-mundistas.
Aqui os italianos não sentem mais orgulho dos seus emigrados e é aqui que os italianos se esquecem que somos sangue do sangue deles. Esta situação deve ser mudada.
Neste momento é que entra o investimento, estimulando e recebendo de volta os milhares de jovens descendentes dos antigos emigrados, tão trabalhadores, inteligentes e corajosos quanto seus avós, iniciando por uma facilitação na concessão da cidadania italiana por sangue à que têm direito por lei, investindo neste patrimônio, mas tendo o cuidado de fazê-lo corretamente.
Como? Incentivando somente aqueles que realmente são italianos de língua, mesmo que dialetal, de nomes de família, de orgulho em ser italiano, em detrimento daqueles aproveitadores de uma lei boa, que em necessitando para os mais diversos fins, garimpam na sua árvore genealógica para ver se encontram uma remota avó de origem italiana, mas que em verdade nada mais têm de italiano que não seja a querida avó.
Quando os italianos e seus governantes fizerem isso, certamente olharão para o futuro com otimismo e alegria e estarão ganhando pela quarta vez. Mas desta vez, não teremos mais rancor e o faremos somente com amor.
*Diretor de Cidadania do Circolo Trentino di Porto Alegre
giordani@vallagarina.com.br
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