quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Entenda como são feitas as eleições na Itália.

Entenda como são feitas as eleições na Itália

da BBC Brasil

A Itália realiza eleições nos dias 9 e 10 de abril para renovar o Parlamento.

A votação está polarizada entre a coalizão de centro-direita, liderada pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e a coalizão de centro-esquerda, liderada pelo ex-ocupante do cargo Romano Prodi.

O governo de Berlusconi é um dos mais duradouros na Itália desde a Segunda Guerra Mundial, mas sofreu muitas derrotas nas eleições regionais de abril de 2005.

A oposição lidera as pesquisas de intenção de voto dos últimos meses, mas por uma margem que vem diminuindo. Muitos eleitores ainda estão indecisos.

Como funciona o sistema eleitoral da Itália?

A República Italiana tem um Parlamento composto pela Câmara dos Deputados, com 630 integrantes, e pelo Senado, com 315. Ambos são eleitos por votação direta, para mandatos de cinco anos.

Serão apresentadas aos eleitores listas de coalizão e partidos para ambas as casas. Os partidos e as coalizões precisarão de um mínimo de votos para alocar cadeiras.As cadeiras serão alocadas de acordo com a posição de um candidato na respectiva lista do partido. Aqueles nos primeiros lugares têm uma chance melhor de conquistar uma cadeira do que os que estiverem mais abaixo.

O governo de Berlusconi aprovou grandes mudanças no sistema eleitoral em dezembro de 2005, restaurando na Itália um sistema de representação proporcional plena e revertendo reformas que vigoravam há mais de dez anos.

Críticos dizem que a iniciativa de Berlusconi foi deliberada para melhorar a posição da coalizão de governo na eleição de abril, e prejudicar as chances da oposição de obter uma maioria significativa. Mas o governo alegou que o novo sistema garante maior estabilidade, porque garante que a coalizão que obtiver a maioria dos votos pelo menos 340 dos 630 assentos da Câmara dos Deputados, dando-lhe automaticamente uma maioria.

Quais são os principais partidos e coligações nesta eleição?

A Casa das Liberdades, de centro-direita, é formada por vários partidos: Força Itália (Forza Italia, em italiano), de Silvio Berlusconi, é o maior partido, seguido da Aliança Nacional, liderada pelo vice-primeiro-ministro Gianfranco Fini; a Liga do Norte liderada por Umberto Bossi; e a União de Cristãos Democratas e Centro Democratas (UDC), liderada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Pier Ferdinando Casini.

Há ainda vários partidos menores na coalizão. As relações entre os partidos na Casa das Liberdades, por vezes, têm sido conturbadas. Resultados ruins nas eleições regionais de abril de 2005 levaram a UDC a retirar seus ministros do governo em protesto. Não há muita harmonia entre a Aliança Nacional e a UDC - que têm forte apoio no empobrecido sul do país -, e a Liga Norte, que vem pressionando para a concessão de mais poderes para as regiões do norte da Itália, que são mais ricas.

A coalizão de centro-esquerda União é liderada por Romano Prodi, que também foi primeiro-ministro do país e presidente da Comissão Européia. Prodi derrotou Berlusconi nas eleições gerais de 1996, e o grupo de partidos esquerdistas que integram a União esperam que isso ocorra novamente.

Entre estes partidos está o Democratas da Esquerda, o maior partido de centro-esquerda do país, liderado por Piero Fassino e pelo ex-primeiro-ministro Massimo D'Alema, além de cerca de oito outros partidos que incluem o Verde e o Social Democrata.Romano Prodi não tem um partido próprio, mas uma "prévia", nos moldes do que acontece nos Estados Unidos, confirmou seu nome em outubro de 2005, para líder da centro-esquerda nestas eleições.

Berlusconi acusa Prodi de ser apenas uma "figura de fachada" de uma coleção de grupos esquerdistas que brigam entre si. Alguns analistas sugerem que Prodi continua vulnerável às mesmas manobras de partidos em coalizão que forçaram-no a renunciar depois de pouco mais de dois anos no cargo, depois da vitória nas eleições de 1996.

Quais são as principais questões em jogo nestas eleições na Itália?

O estado da economia e temores ligados a desemprego são os grandes assuntos para o eleitorado. Ao assumir o poder em 2001, Berlusconi apresentou uma imagem de empresário de sucesso, prometendo reformas que garantiriam prosperidade futura ao país.

Dados oficiais divulgados em março mostraram que a economia italiana ficou estagnada em 2005, crescendo apenas 0,8% ao ano em média desde que Berlusconi chegou ao cargo.A indústria italiana está sofrendo com a competição dos exportadores do Extremo Oriente.

O déficit orçamentário da Itália está fora dos limites estabelecidos pela União Européia. O governo diz que a culpa é da conjuntura internacional e promete estimular o crescimento econômico reduzindo o imposto de renda, entre outras medidas. Prodi, por sua vez, prometeu estimular a criação de empregos reduzindo os custos trabalhistas, e conter o déficit orçamentário.

A oposição também diz que vai reduzir a grande burocracia italiana, e adotar medidas para restaurar a competitividade.Também há promessas de combate à evasão de impostos e ao aumento de contratos temporários de trabalho na economia. Esses contratos seriam estariam criando uma sensação de insegurança entre os trabalhadores no país.

Os processos judiciais contra Berlusconi não tiveram um impacto muito grande na campanha eleitoral italiana. Ele já foi acusado de corrupção, suborno e evasão de impostos. Os casos acabaram, de maneira geral, em absolvição, ou simplesmente rejeitados por prescrição do alegado crime. Na área de política externa, o apoio de Berlusconi à guerra contra o Iraque liderada pelos Estados Unidos foi muito impopular na Itália.

O governo disse que se reeleito retirará as tropas de território iraquiano até o final do ano. Prodi prometeu tirar as tropas do iraque assim que puder, se for eleito. Com Prodi, provavelmente a Itália colocará menos ênfase nas relações com os Estados Unidos, buscando uma renovação de laços com seus parceiros tradicionais, em particular com a França e a Alemanha.

Fonte: Folha Online

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